quarta, 19 de setembro de 2012
Empresários paranaenses buscam inspiração no varejo norte-americano
Gestores de pequenas empresas do comércio embarcaram para Nova York, em missão técnica realizada pelo Sebrae/PR e Sistema Fecomércio/PR, para conhecer modelos de gestão empresarial utilizados por cerca de 25 empresas, sediadas em endereços importantes como a 5ª Avenida
Joias, roupas, calçados, alimentos, artigos esportivos, eletrônicos e brinquedos. Mais que produtos, empresários paranaenses de pequenas empresas do comércio conheceram em Nova York, nos Estados Unidos, a estrutura de lojas responsáveis por vender não apenas marcas, reconhecidas em muitos países, mas experiências de consumo.
A cidade norte-americana, que é considerada uma referência mundial em varejo e em novas ideias, foi, pelo segundo ano consecutivo, destino de uma missão técnica, promovida pelo Sebrae/PR e Sistema Fecomércio/PR.
Do Paraná, empresários dos segmentos de supermercados, confecção e calçados, farmácias, distribuidoras, perfumes e cosméticos embarcaram para Nova York, no final de agosto, em busca de modelos de gestão empresarial utilizados por cerca de 25 empresas, sediadas em endereços importantes como a 5ª Avenida.
Empresas como Gucci, Tiffany & Co., Nike, Armani, Macy´s, Apple, The Disney Store, entre outras, foram escolhidas por critérios como a particularidade do negócio, ineditismo, inovação e criatividade nas operações de varejo. Iniciativas que podem servir de inspiração para os empresários paranaenses.
Durante os cinco dias da viagem, o grupo conheceu novas tecnologias e produtos, teve acesso a informações estratégicas utilizadas pelo setor do varejo americano, além de acompanhar práticas de atendimentos e inovações em serviços e processos.
"Resguardando as proporções das ações realizadas por grandes marcas, muitas ações podem ser utilizadas por empresários de micro e pequenas empresas", observa o consultor do Sebrae/PR, Marcelo Wolff, que acompanhou a missão técnica e foi responsável por registrar a rotina da viagem em um blog.
Para Wolff, conhecer novos padrões de formatos de varejo e operações varejistas, além de trocar ideias com empresários e executivos de diversos segmentos, ajuda os empresários paranaenses a repensar o próprio negócio.
Com as visitas, todas guiadas por consultores do Sebrae/PR e especialistas em varejo, os participantes tiveram a oportunidade de avaliar quais técnicas servem de exemplo para serem aplicadas em suas empresas, no Brasil.
Além de conhecerem as lojas, o grupo ainda participou de workshops para que as informações adquiridas fossem assimiladas e o conhecimento transformado em ações pontuais, que promovam melhorias na gestão empresarial.
"Para cada loja visitada, nós preparamos uma apresentação com informações sobre a empresa. A ideia, em uma viagem como essa, é desmistificar para o empresário da pequena empresa que ele precisa conhecer apenas lojas do seu segmento de atuação. E, sim, que é importante conhecer o modelo de lojas-conceito, que são referências em merchandising, por exemplo. E observar o porquê essas lojas se destacam no cenário internacional do varejo", explica o consultor do Sebrae/PR.
O coordenador estadual do Setor de Comércio, Bens e Serviços do Sebrae/PR, Osmar Dalquano Junior, que também acompanhou a missão técnica, observa que a cidade concentra um grande número de marcas, além de ser um centro econômico.
"Nova York é uma espécie de laboratório para testar formatos de varejo. Na viagem, os empresários ainda participaram de um dia de visita especializado em visual merchandising com a arquiteta e designer Carolina Neubern Fonseca, especialista brasileira em merchandising e que mora em Nova York há seis anos, o que possibilitou um aprendizado mais intensivo em um dos temas mais importantes para o pequeno lojista, a comunicação da loja", explica o coordenador estadual.
A viagem ainda contou com uma visita ao consulado brasileiro, em Nova York, para conhecer quais são as características de negócios fechados entre Brasil e Estados Unidos.
Inspiração
Lindacir Frizon Boldori é sócia-proprietária do Supermercado Boldori, empresa familiar que, há 30 anos, funciona em Honório Serpa, na região sudoeste do Paraná. Em 2011, a empresária viajou para São Paulo, também em uma missão técnica realizada pelo Sebrae/PR e Sistema Fecomércio/PR, para conhecer lojas na capital paulista. Em 2012, decidiu embarcar para Nova York.
"Foi uma oportunidade para conhecer como eles realizam a disposição de mercadorias, os tipos de vitrines e a iluminação, exemplos que são possíveis de trazer para nossa loja. Um exemplo, que achei muito interessante, é um sistema que identifica o número de pessoas que entram pelo lado direito ou pelo lado esquerdo da loja, o que te ajuda a dimensionar o fluxo de clientes e traçar estratégias de exposição de produtos", conta Lindacir Boldori.
Trabalhando há sete anos com representação empresarial na área de calçados, o empresário Carlos César Cibin, de Curitiba, diz que Nova York é um parâmetro para o comércio varejista e que conhecer lojas que proporcionam uma experiência de consumo foi importante para aperfeiçoar o seu processo de vendas, no Brasil.
"Eu trabalho com a linha de calçados adventure, então preciso criar um conceito para a vitrine e expressar esse conceito para o cliente. A questão do merchandising me chamou atenção. É uma técnica na qual você pode fomentar as vendas e foi muito válido esse conhecimento, porque abriu meus olhos. É diferente quando você participa de uma viagem com o olhar de analista e não de consumidor. É tudo muito grandioso, mas é possível transferir as técnicas para a nossa realidade", avalia Carlos Cibin.
O empresário Umberto Marineu Basso Filho, também de Curitiba e sócio-proprietário da Calceaki Calçados, participou da missão técnica. Além de observar as empresas da cidade como gestor de uma pequena empresa, ele também foi para a missão técnica como representante do Sistema Fecomércio/PR.
"Foi uma oportunidade conhecer Nova York, uma cidade que é referência e uma capital comercial do mundo. E foi fantástico observar ideias que você pode aplicar na sua loja, como a questão do autosserviço, que é muito forte nos Estados Unidos pelo valor elevado da mão de obra, assim como são nos supermercados. Porém, é preciso mudar alguns aspectos na loja, como layout, porque esse modelo traz outra relação de consumo", avalia o empresário.