sábado, 22 de setembro de 2012
Número de pessoas na classe média cresce, mas desigualdade econômica continua
A secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República divulgou, no estudo "Voz da Classe Média", nesta quinta-feira (20), números que apontam que mais da metade da população brasileira, hoje, faz parte da classe média. Os números apresentados dizem que nos últimos dez anos cerca de 35 milhões de pessoas passaram a integrar a classe média. No total, 104 milhões de brasileiros fazem parte desta fatia social, ou seja, 53% da população.
Na pesquisa foi definido como classe média o indivíduo que vive em família que possui renda per capita mensal entre R$ 291,00, e R$ 1.019,00.
Em Pato Branco, de acordo com os dados do último senso do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizado em 2010, 27.297 pessoas fazem parte deste grupo, ou 43,8% dos moradores do município.
Segundo o economista José Maria Ramos, o ingresso de pessoas na classe média resultou em alterações importantes, pois aquele que ganha um salário mínimo está dentro da classe. Isso permite a ampliação da capacidade de consumo das famílias e, em consequência, o crescimento do mercado interno. "Este crescimento está sendo sustentado pelo consumo das famílias. Mas cabe uma crítica, pois ao gerar condições de consumo, falta ao outro lado a capacidade de investimento".
De acordo o economista, no ponto de vista sociológico e histórico, a classe média era uma classe de operários que apresentava salários e poder aquisitivo razoável.
Conforme ele, quem ganha até R$ 1.200,00 tem um poder de consumo que satisfaz as necessidades mínimas. "Olhando alguns indicadores, hoje, o salário mínimo deveria ficar na faixa de R$ 2.600,00 para atender aquilo que o artigo 7 da Constituição garante (moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e Previdência Social). Mas estamos muito aquém disso ainda".
Além disso, o economista falou que nota-se um problema quando é feita uma análise de capacidade de crescimento econômico do país a partir da capacidade de poupança que as famílias têm. Segundo ele, se 53% das famílias estão dentro da faixa classificada como classe média, isso demostra um alto nível de desigualdade econômica social e que, ao mesmo tempo, essas pessoas não possuem capacidade de poupança. "São pessoas que estão em uma situação de endividamento, pois aquilo que ganham provavelmente não é suficiente para atender as necessidades básicas como alimentação, saúde, transporte", disse. Para ele, essas pessoas não têm um valor para formar uma poupança.
Migração
O estudo da SAE indica que a redução da classe baixa foi mais intensa do que a expansão da classe alta. De 2002 a 2012, cerca de 21% da população nacional passou da classe baixa para a média. Já da classe média para a alta, o crescimento foi de 6%.
Região
Diferente do senário nacional, segundo o economista, a região Sul do país tem uma melhor distribuição de renda per capita. "É uma situação melhor quando comparada com outras regiões. Estamos em uma condição mais confortável".
Para o presidente da Associação Comercial e Empresarial de Pato Branco (ACEPB), Jair Divino dos Santos, não é possível criar expectativas grandes com base nos dados, pois a economia pode ficar sufocada. Segundo ele, hoje as pessoas gastam muito e poupam pouco. "Não daria para dizer que esse padrão de remuneração seria considerado classe média".