quarta, 09 de janeiro de 2013
Frigorífico Diplomata volta abater frangos, mas em turno único
O frigorífico da Diplomata, em Capanema, voltou, parcialmente, às atividades na semana passada. A empresa havia parado temporariamente no dia 21 de dezembro após dar férias coletivas aos seus cerca de 1.100 funcionários. Agora a empresa funciona com apenas um turno, são cerca de 100 colaboradores em atividade. Serão abatidos 500 mil frangos que ainda estavam alojados em aviários, o que deve durar mais uns quatro dias.
"Quem queria trabalhar, tinha serviço. Mas quem queria a demissão, teve que passar no RH [recursos humanos] para rescindir o contrato. Todos estão esperando conseguir o seguro desemprego, mas pode não ser tão simples assim", comenta Claudimir Orsolin, vice-presidente do Sindicato da Indústria de Alimentação em Capanema.
O produtor Cleiton Roso, que faz parte da diretoria da Associação dos Avicultores de Capanema, ainda acredita que a empresa vá declarar falência. "Eu acho que só vão abater esses frangos que ainda restam e depois vão declarar falência. A situação é quase irreversível, é muita dívida que ficou pra trás. Nós já estamos até nos preparando para que isso aconteça", comenta.
No final de 2012, os funcionários fizeram um manifesto na frente da Diplomata, exigindo o pagamento dos salários de novembro e dezembro, mais o décimo terceiro e o fundo de garantia. Somente com folha salarial, a dívida passa dos R$ 3 milhões. Mas a dívida total da empresa já passa dos R$ 600 milhões, mais que o dobro da avaliação do seu patrimônio. Desde o início do segundo semestre, a empresa tenta se recuperar financeiramente, mas sem muito sucesso. Em outubro foi apresentado o plano de recuperação judicial, que ainda não foi aprovado.
O produtor Ademar Catânio, que tem 18 mil aves alojadas, já não sabe mais o que fazer. Ele está racionando a ração e a empresa ainda não foi buscar a sua produção. "Essas aves estão aqui há 65 dias, são três semanas de atraso. Elas estão morrendo e a gente não pode fazer nada. Está uma situação muito complicada", disse o avicultor, em entrevista à RPC TV. Segundo ele, 12 mil aves já morreram nesses últimos dois meses por falta de comida.
Hoje à tarde, às 14 horas, os avicultores de Capanema e Planalto terão uma reunião com a direção da Diplomata para ver como vai ficar a situação. "O problema é que essas reuniões são adiadas com frequência e quando elas acontecem, eles só prometem e não cumprem. A gente está ficando cansado", acrescenta Cleiton Roso.
Fonte: Sudoeste Online