O Fórum Econômico Mundial realizado em Davos, na Suíça, de 23 a 27 de janeiro de 2013, reuniu mais de 50 chefes de estado, 1.500 líderes empresariais além de políticos e acadêmicos para discutir agendas locais, regionais e globais. Cerca de 2.500 participantes de diversos países formavam uma espécie de aldeia tecnológica global, usando tablets e celulares (Tecnologias de Informação e Comunicação - TICs) para ajudar nos agendamentos e deslocamentos internos, no acesso virtual a palestras e, ao mesmo tempo, para gestão remota dos seus países, estados, cidades e empresas. Davos mostrou que o conceito de "Gestão Verde" está deixando de ser símbolo de ambientalismo e revelando o que realmente é: eficiência na gestão, pública ou privada.
Felipe Calderón, ex-presidente do México e atual presidente da Aliança de Ação para o Crescimento Verde, lançou em Davos o "Relatório de Investimentos Verdes" afirmando que o crescimento econômico e a sustentabilidade são interdependentes. Ligar a sustentabilidade apenas à preservação ambiental é o mais comum entre os desvios que precisam ser corrigidos. Sustentabilidade é sinônimo de equilíbrio.
Segundo a ONU, globalmente, as oportunidades de mercado para as "Cidades Verdes e Inteligentes" que investem na melhoria de qualidade dos serviços para a população, estão estimadas em US$34 bilhões/ano. Com o aumento da renda e da qualidade de vida, a classe media mundial que hoje é de 2,5 bilhões de pessoas, será de 5 bilhões de habitantes/consumidores em 2030.
A expansão da internet de 0,1% da população global em 2002, para 33%, em 2012 (estimada crescer para 55% da população em 2020), facilitou a conexão das cidades por TICs, este conjunto de recursos tecnológicos utilizados de forma integrada, inclusive no ensino/aprendizagem, formando uma poderosa rede invisível que mudou a dinâmica da comunicação e do poder urbano, ajudando cidadãos a exercerem a cidadania.
O Brasil, com 194 milhões de habitantes, 84% urbanos, já tem mais de 260 milhões de celulares, dos quais, 60 milhões são terminais com acesso a internet via banda larga. Como todos usam celulares, as empresas operadoras têm mapas em tempo real dos deslocamentos de pessoas nas cidades, identificando áreas com tendências a estrangulamentos no tráfego, aglomerações em eventos, e podem ajudar no planejamento e nas intervenções pontuais. As TICs, que salvam vidas, transmitem imagens e emocionam pessoas, encurtam distâncias e abrandam saudades, também ajudam a sustentabilidade social.
Os problemas criados pela concentração populacional em áreas urbanas estão gerando inovadas soluções. Nos EUA, onde estatísticas abundam, os engarrafamentos de transito geram - por ano - um desperdício de 10.6 bilhões de litros de combustíveis, prejuízo de 4.2 bilhões de horas de trabalho e uma perda econômica de US$87.2 bilhões. Em Paris, o sistema de bicicletas comunitárias tornou-se possível por meio de uma PPP (parceria público-privada) com a gigante da publicidade JCDecaux que fornece e mantém o sistema em troca de uma parcela do espaço publicitário da cidade.
Empresas como a Smart + Connected Communities, da Cisco; Cities, da GE; e Sustainable Cities, da Siemens; por exemplo, têm usado suas avançadas tecnologias para ajudar cidades ao redor do mundo. Usando TICs varias cidades do Canadá, inclusive Toronto, não fazem mais coleta seletiva do lixo, uma maquina separa automaticamente os recicláveis colocando em sacolas biodegradáveis para virar adubo vendido por pelo preço de mercado. Os caminhões de lixo são movidos a gás produzido pelo próprio lixo retirado das ruas.
As TICs ajudam a inovar na gestão e dão suporte aos princípios estabelecidos pela Política Nacional de Mobilidade Urbana - Lei 12.587/12. Diante da falência dos modelos de gestão pública e da complicada burocracia, as TICs facilitam a gestão das cidades, o acompanhamento das parcerias público-privadas, a auditoria e o controle social, ajudando a promover sustentabilidade na vida urbana.
Fonte: administradores.com.br