AGRICULTURA

segunda, 18 de fevereiro de 2013

Por problemas no transporte, agricultores perdem parte da produção

A colheita da safra agrícola 2012-2013 começou. As perspectivas são boas de rentabilidade e produtividade para os produtores rurais brasileiros. Mas os valores recebidos pelos produtores e pelas cerealistas poderia ser maior não fossem os desperdícios no transporte e com a logística. Há poucos dias, a reportagem do JdeB circulou pelas PRs 180 — Beltrão-Eneas Marques — e 475 — Beltrão-Verê — e constatou que há caminhões e carretas agrícolas deixando cair grãos de milho às margens das rodovias.

Especialistas na área de transportes e agricultura consultados consideram preocupantes estas perdas entre as lavouras e os silos das empresas de agronegócio. Neri Munaro, engenheiro agrônomo e chefe do núcleo regional da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab), observa que "o Brasil é mundialmente famoso pelo desperdício, classificando-se entre os primeiros do mundo neste quesito".

Ele acrescenta que, devido à evolução tecnológica, "temos evoluído em produtividade na região Sudoeste. Na cultura de milho, passamos em poucas décadas de 100 para 500 sacas por alqueire". O agrônomo salienta que na soja também houve acréscimos significativos na produção. Ao analisar o problema de desperdício no transporte da safra, Neri comenta que "o aumento de volume de produção faz pressão no sistema de colheita, transporte, armazenagem e distribuição, acumulando perdas em toda a cadeia produtiva. Os produtos perdidos poderiam alimentar muita gente”.

Redução de perdas na colheita

Um primeiro passo para alertar os agricultores sobre o desperdício foi dado em 2011. Na parte da colheita, as entidades do setor produtivo, além da Seab e Emater, deram início a um programa de redução de perdas na colheita de soja, que já vai para o terceiro ano. Neste período, os índices de perdas das lavouras acompanhadas baixaram de 2,4 sacas para uma por hectare. Se for levado em conta o preço da saca, tomando-se por base um preço médio de R$ 58, daria um ganho de R$ 83 (2,4 x 1 hectare).

As principais causas destes prejuízos, da porteira para dentro, são o manejo das lavouras e a falta de regulagem e manutenção das máquinas. O programa desenvolvido consta de assistência técnica e cursos de capacitação aos produtores e concursos de redução de perdas na colheita.

Mas, segundo Neri, "o problema das perdas no transporte tem que ser atacado de forma mais ampla. Há que se reconhecer que as rodovias do Sudoeste precisam ser melhoradas, pois estão defasadas para atender a evolução que ocorreu na região. Além das estradas ruins, temos parte da frota de caminhões antiga, e alguns motoristas despreparados. O transporte brasileiro, baseado nas rodovias, também faz aumentar as perdas, além de encarecer o frete".

ideranças aconselham a vedação das carrocerias a granel

JdeB - Ezídio Salmória, presidente da Cooperativa de Transportes 14 de Dezembro (Coptrans), observa que os próprios agricultores colhem a safra, contratam os transportadores e não colocam lonas nas carrocerias para não dar muito trabalho. "Aí tem perdas", opina. Nas rodovias, observa o empresário, as carretas mal-espumadas (lacradas) também podem provocar perdas no transporte. Para o empresário, se o motorista não cuidar da carroceira/carga, não colocar espuma nos fueiros (local fechado com tampa na carroceria) para evitar a saída de grãos, haverá prejuízos na certa.

Os caminhões que fazem longas distâncias para a entrega da carga a granel, se não tiverem boa vedação nas carrocerias, certamente apresentarão problemas. "Tem o problema também que a carga, como é a granel, ela trabalha para um lado ou outro. Se está vedada ou calafetada a carroceria, não tem problema de perdas", ressalta Ezídio.

A norma da Coptrans numa viagem para caminhões que transportam 37 toneladas, é que a perda pode ser de até 0,025 do total, o correspondente a 90 quilos (uma saca e meia). Acima disso, desconta-se do valor do frete na hora do acerto. O índice geral dos caminhões cadastrados pela cooperativa é baixo porque cobra-se as providências dos motoristas.



Alerta aos produtores

Cleverson Penso, gerente da Coasul de Beltrão e Verê, diz que "a colheita mal começou e as perdas já são visíveis no Sudoeste. Há caminhões com cargas muito cheias e carrocerias com problemas". O cuidado no transporte dos grãos das lavouras até a cerealista foi um dos assuntos de uma palestra aplicada para cooperados de Verê. "Às vezes o produtor não tem colheitadeira e não se preocupa com estes detalhes: a regulagem correta da máquina, o transporte (vedação da carroceria). Dá pra colocar estopas ou bolsas pra vedar as frestas", recomenda.

A Aprosoja prevê perdas na colheita e logística da soja em 12,5%, na pré-colheita, colheita, transporte certo, padronização, armazenamento e transporte longo. Outro aspecto a ser observado: às vezes o caminhão tem medidas diferentes da máquina.

O principal é cuidar na hora de encher a carroceria, como está a conservação da carroceria que vai transportar os grãos colhidos do produtor e não perder produto no transporte da lavoura até o depósito.
Fonte: Jornal de Beltrão
 

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