AGROPECUÁRIA
quarta, 10 de abril de 2013
Os contrapontos do nitrogênio na lavoura e na pecuária
Classificado como um dos três macronutrientes principais da nutrição das plantas, ao lado do fósforo e do potássio, o nitrogênio desempenha um papel importante para as culturas de grãos e para as plantas forrageiras, que servem, sobretudo, de alimento para o gado de leite e corte.
A sua principal função, segundo a professora doutora em fertilidade do solo do campus da UTFPR em Pato Branco, Tangriani Simioni Assmann, é produzir proteínas, por isso tanto para plantas que compõem a alimentação humana, como as usadas para a alimentação animal, são ricas em proteína.
O nitrogênio na pecuária
Dentro da produção do gado de leite e de corte, o nitrogênio é um componente essencial, capaz de influenciar na qualidade e na capacidade do produto final. “Para alimentar um animal, por exemplo, uma vaca, precisa de uma grande quantidade de matéria seca e essa matéria cresce se for nutrida com nitrogênio, pois ele tem um grande papel na fotossíntese que incorpora carbono na composição da planta”, explicou.
Contudo, ela salienta que a região ainda possui um grande potencial de aplicação de nitrogênio, principalmente em plantas forrageiras, direcionadas para a alimentação do gado leiteiro e de corte. “A nossa maior preocupação é com os produtores de gado, que muitas vezes fazem o manejo das suas forrageiras sem aplicação de nitrogênio”, salientou.
O nitrogênio na lavoura
Para as lavouras de milho a aplicação de nitrogênio é indispensável, e segundo Tangriani é uma prática tradicional e que dificilmente os produtores não utilizam.
No entanto, quanto a aplicação na lavoura de soja, muitas pesquisas têm sido desenvolvidas no Brasil e buscam descobrir se o seu uso é viável para a produção. Segundo Tangriani, ao contrário do que acontece nas lavouras dos Estados Unidos, onde a aplicação de nitrogênio é necessária. No Brasil, a soja, com o auxílio de bactérias existentes no solo, retira do ar a quantidade necessária de nitrogênio que precisa. Esse processo chama-se fixação biológica e dispensa a aplicação de nitrogênio, sendo muito mais econômico para o produtor.
“Não é com pesquisa sobre o caso de um produtor que a gente chega a uma conclusão. Carece fazer pesquisas que comprovem a eficiência dessa adubação, com várias repetições, em vários tipos de solos e ai sim dizer que essa é uma tecnologia que pode ser aplicada”, afirmou.
Ela também destacou que além de trazer danos ao meio ambiente quando acontece o uso inadequado do nitrogênio, para o produtor brasileiro não é viável financeiramente a aplicação de nitrogênio na lavoura de soja. Pois comparado aos outros fertilizantes, o nitrogênio é muito mais caro, porque o seu custo está sempre relacionado ao preço do petróleo, e os ganhos que o produtor possivelmente terá com o aumento na produção, acabarão sendo aplicados nos gastos com a compra do fertilizante nitrogenado.
“Ainda é preciso mais pesquisas para ver se a inclusão do nitrogênio na lavoura de soja é um rendimento eficiente. Porém, considero um retrocesso contra a tecnologia do nosso país de fixação biológica de nitrogênio”, comentou.
Meio Ambiente
Apesar de para algumas culturas o nitrogênio ser um componente importante, Tangriani lembra que a aplicação correta é indispensável para o equilíbrio do meio ambiente. Por exemplo, a aplicação nas forrageiras, o ideal é que o tempo esteja para chuva ou no final da tarde, para que a umidade dissolva o fertilizante e o nitrogênio se misture à planta. Também é preciso cuidar para que a aplicação não contamine rios e lençóis freáticos. “Tem que aplicar o nitrogênio porque ele é uma das principais questões que fazem ter um momento de rendimento das culturas, mas não se pode descuidar da parte ambiental”, afirmou.
Fonte: Diário do Sudoeste