Na tarde dessa quinta-feira (2), foi assinado, na Câmara Municipal de Pato Branco, pelo secretário do Trabalho, Emprego e Economia Solidária, Luiz Cláudio Romanelli, o convênio entre o Estado e 13 municípios do Sudoeste para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) — Compra Direta da Agricultura Familiar.
Somados, os recursos das duas regionais (Pato Branco e Francisco Beltrão) superam R$ 1,3 milhão, sendo que a maior parte desses repasses foi destinada para a regional de Pato Branco. Dividido entre oito municípios, cada um passará a receber mais de R$ 816 mil, verba que beneficiará 103 entidades, envolvendo 220 agricultores.
Já na regional de Francisco Beltrão, os recursos ficam na casa de R$ 515 mil para atender 38 entidades, que resultará na geração de renda para 133 famílias da agricultura.
Segundo Romanelli, o programa além de estimular a agricultura familiar é um atrativo a mais para o homem do campo, evitando, assim, o eixo migratório de pequenos agricultores para os centros urbanos. “Temos, no Paraná, 302 mil, das 440 mil, propriedades rurais com o perfil da agricultura familiar. E programas, como o Compra Direta, uma parceria entre governos Estadual e Federal, dá sentido à lógica de fixar o pequeno proprietário rural no campo, dando a ele uma renda permanente”, afirmou o secretário.
Destacando que atualmente 167 produtos integram a lista de alimentos adquiridos pelo programa, Romanelli falou ainda sobre a melhora da propriedade rural por meio da qualificação das áreas cultivadas. “A propriedades que integram o PAA passam a ter suporte dos extensionistas da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) e do próprio departamento de Agricultura dos municípios”, pontuou o secretário. “Assim, conseguimos de fato atender duas demandas, dar mais renda aos produtores e apoiar aquela parcela da população que é vulnerável socialmente”.
Contando que estão sendo investidos, nesses seis meses, R$26,5 milhões no PAA, Romanelli destacou que ainda esse ano novos recursos deverão ser repassados. “No Sudoeste, temos um bom exemplo do programa de Compra Direta que é realizado com as cooperativas de produtores, mas também estamos fazendo nossa parte para atender os produtores e as entidades sociais”.
O presidente da Cooperativa da Agricultura Familiar de Pato Branco, Itacir Festugatto, também destacou a manutenção dos agricultores na zona rural. “O programa é, sim, uma forma de segurar o agricultor no campo, até porque, até um tempo atrás, o pequeno agricultor se sentia abandonado, com dificuldades em vender seus produtos. Hoje dá para se dizer que já foi dado um passo muito grande para o desenvolvimento da agricultura familiar de nossa região, não apenas de Pato Branco”.
Com cerca de 70 sócios ligados à cooperativa, que entregam regularmente produtos para alimentação de escolas, creches, abrigos e demais entidades sociais do município, Festugatto também destacou as mudanças socioeconômicas. “É visível a melhora na vida dos agricultores que fazem parte do programa, tanto nas questões sociais, como nas econômicas”. Segundo ele, o principal fator que contribuiu para essa alteração de comportamento foi a venda garantida. “Quando os produtos eram comercializados apenas nos supermercados, a venda não era garantida”.
Para o subchefe da Casa Civil, Luiz Augusto Silva, o programa vem cumprindo com seu propósito. “Estamos estimulando não apenas os pequenos agricultores com o programa, mas também uma alimentação mais saudável para todos aqueles que comem esses produtos oriundos do PAA”.
Cobranças
Mesmo destacando o crescimento e as benfeitorias conquistadas desde a implantação do PAA no Estado, a assinatura do novo convênio ainda serviu para os representantes dos agricultores fazerem solicitações para o Governo.
Falando em nome dos agricultores familiares da regional de Pato Branco, Rosaldo Giacomomi destacou que “o PAA veio fortalecer a economia local, fazer com que os agricultores permaneçam em suas propriedades e também fornecer, às entidades, produtos de qualidade. Se antigamente lavava-se os produtos em qualquer lugar, hoje temos transportes adequados e dentro das normas de sanidade, o que fez com que a qualidade e o produto tenham melhorado”. Mas ele também cobrou: “O pessoal está contente? Está. Acontece que, em pouco tempo, o programa evoluiu, mas tem um aumento de custo na embalagem, construção das instalações, e os preços praticados pelo PAA estão um tanto quanto defasados. Nosso pedido é que seja feita a revisão da tabela Conab, que serve de base para o pagamento dos agricultores”.
Segundo Giacomoni, o futuro do programa depende da revisão dos valores praticados. “Dependemos bastante dessa mudança dos preços da tabela para que o programa se mantenha em nossa região, até porque os preços nela contidos são para compra em atacado, sem custo de entrega e regularização com exigências sanitárias”.
Representando os agricultores da regional de Francisco Beltrão, Vlademir Pelisari enfatizou que os novos recursos repassados são de suma importância, porém solicitou revisão na forma e no tempo de espera que os agricultores são submetidos para receber os pagamentos. “Existem alguns pontos que acreditamos que devam ser melhorados. Uma das dificuldades que temos é a questão do pagamento. Gostaríamos de mais agilidade nesse quesito, levando em consideração que, às vezes, o recurso só chega ao agricultor 60 dias após o fornecimento dos alimentos”, disse ele.
Fonte: Diário do Sudoeste