As regiões Oeste e Sudoeste do Paraná foram incluídas no novo traçado da Ferrovia Norte-Sul, que vai ligar os dois extremos do Brasil. A estatal Valec divulgou no final de semana o mapa definitivo do trajeto da Ferrovia Norte-Sul, incluindo os municípios de Juranda, Ubiratã, Iguatu, Anahy, Corbélia, Cascavel, Catanduvas, Três Barras do Paraná, Quedas do Iguaçu, Cruzeiro do Iguaçu, Dois Vizinhos, São Jorge D´Oeste, São João, Verê, Itapejara D´Oeste, Bom Sucesso do Sul, Renascença e Vitorino.
Na região Sudoeste, também, o projeto prevê a instalação de um polo de cargas e descargas no município de Pato Branco.
"A inclusão do Paraná na Ferrovia Norte-Sul é uma grande vitória dos paranaenses e da economia do nosso Estado. O primeiro estudo, divulgado em 2012, havia retirado vários municípios daqui do percurso", disse o deputado estadual Nereu Moura (PMDB). Ele lembra que a mudança do traçado ocorreu após cobranças da sociedade organizada e lideranças políticas, junto com a bancada federal do Paraná, no Ministério dos Transportes.
Empresas ganham
Na avaliação de Nereu Moura, quem ganha num primeiro momento com a ferrovia são as empresas e indústrias instaladas ao longo do traçado. "Elas ganham muito em competitividade no cenário nacional e internacional, com a redução dos custos com frete até os grandes centros e ao porto para as exportações", disse.
A ferrovia também irá impactar positivamente no barateamento de insumos agrícolas importados e matérias-primas que chegarão com mais facilidade até as indústrias paranaenses, acredita o parlamentar.
Além do Oeste e Sudoeste, o novo traçado da Ferrovia inclui os municípios da regiões Norte e Centro-Oeste, como Santo Inácio, Colorado, Nossa Senhora das Graças, Lobato, Santa Fé, Ângulo, Iguaraçu, Maringá, Paiçandu, Floresta, Itambé, Engenheiro Beltrão, Quinta do Sol, Peabiru, Campo Mourão, Farol, Mamborê, Boa Esperança e Juranda.
Três audiências
Nereu Lembra que o novo estudo divulgado pela Valec será debatido dia 21 de agosto, sexta-feira, em audiências públicas promovidas pela estatal em Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre.
O traçado dessa etapa da obra tem o seu ponto inicial localizado no ramal de acesso ao pátio de cargas de Panorama (SP) e o final antes da ponte sobre o rio Uruguai, no município de Caibi (SC), totalizando 952,4 km de extensão. De lá, segue até o pátio de carga localizado no município de Rio Grande (RS) por mais 832,9 km.
O custo estimado de todo esse trecho é de R$ 21 bilhões, incluindo todas as obras e equipamentos ferroviários. A ferrovia, após concluída, cruzará o país de Belém do Pará até o Porto de Rio Grande, no Rio Grande Sul.
Este estudo cita as formas como poderá ser viabilizado o financiamento desta nova etapa da Norte-Sul. "A princípio, na atual conjuntura econômica, a melhor alternativa seria a deflagração de procedimento licitatório, no qual o setor privado arque com todo o investimento financeiro previsto para a implantação deste projeto de prolongamento da Ferrovia Norte-Sul. Não sendo possível o completo investimento privado, vislumbra-se a possibilidade de mesclá-lo com os recursos públicos das mais variadas formas, nas fases de projeto, construção e operação", diz um trecho do estudo.
Uma ideia, deste levantamento, exemplifica que a Valec arcaria com a elaboração do projeto e a iniciativa privada com a construção, operação e manutenção da malha ferroviária
A repercussão na região
A Associação dos Municípios do Sudoeste do Paraná (Amsop) já sabia destas informações extra-oficialmente. "Agora talvez é oficial, antes tinha só o estudo, mas não a confirmação", disse o secretário executivo da entidade, José Kresteniuk.
Para o secretário executivo, a passagem da ferrovia pela região já resolve em termos de reivindicações dos municípios e empresas. "É uma opção para escoar (a produção regional) pelo Porto de Itajaí", observa. Neste sentido, ele explica que seria mais complicado para as empresas daqui exportar soja pela Ferroeste, porque teria que enviar as cargas de trem até Cascavel e de lá seguiria para o Porto de Paranaguá. Kresteniuk acrescenta que "aqui só seria caminho para Itajaí".
As agroindústrias de carne de frango do Sudoeste do Estado enviam, diariamente, mais de 100 caminhões com câmaras frias para os portos de Paranaguá, Antonina e Itajaí. Estas cargas seguem para diversos países. Também serão beneficiadas as empresas de agronegócio que exportam soja e milho e as que vendem insumos agrícolas, que poderão transportar seus produtos com menos custos.
Fonte: Assessoria e Jornal de Beltrão