A revista Bellunesi nel Mondo destaca que o projeto para criar o queijo Santo Giorno gerou novas pesquisas e conhecimento para elaborar um produto típico
O Santo Giorno, o queijo típico do sudoeste do Paraná, ainda nem foi comercializado e já ultrapassou fronteiras. A edição de dezembro de 2015 da revista Bellunesi nel Mondo, publicação da Associazione Bellunesi nel Mondo (ABM), da região do Vêneto, no nordeste da Itália, destacou o trabalho realizado no projeto Rede – promovido por entidades brasileiras e italianas – e que proporcionou a parceria entre pesquisadores e instituições de ensino superior dos dois países.
A reportagem traz o relato dos professores Simone Beux e Edimir Andrade Pereira, integrantes do Departamento de Química da UTFPR, Campus Pato Branco, sobre o projeto de pesquisa que desenvolveram, sob orientação do professor Martino Cassandro, do Dipartimento di Agronomia Animali Alimenti Risorse Naturali e Ambiente (DAFNAE), da Universidade de Pádua (ITA). Os pesquisadores atuam na área de qualidade de leite destinado a produção de queijos, com o intuito de contribuir com o desenvolvimento da cadeia leiteira brasileira. O texto traz ainda o agradecimento dos professores ao apoio da ABM e dos governos da província de Belluno e da região do Vêneto, e destaca a participação decisiva do Sebrae/PR, da Agência de Desenvolvimento Regional do Sudoeste do Paraná, da UTFPR e da Associação dos Municípios do Sudoeste do Paraná (Amsop) em todo o processo.
O professor Edimir Pereira esteve na Universidade de Pádua entre setembro de 2014 e setembro de 2015, cursando pós-doutorado. Já a professora Simone Beux voltou da Itália recentemente. Atualmente, faz doutorado na UFPR, em Curitiba (parte dos estudos aconteceram na Universidade de Pádua, entre março de 2015 e janeiro de 2016). O professor Edimir revela que um convênio entre os campi - Pato Branco, Francisco Beltrão e Dois Vizinhos - da UTFPR e a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) está sob análise do governo Federal. O projeto prevê a liberação de mais de R$ 1 milhão para a compra de equipamentos de alta tecnologia para utilização em pesquisa inédita no Brasil na área de leite e derivados. “Também será montada uma Unidade Mista de Pesquisa e Transferência de Tecnologia (UMIPTT). Será a primeira nestes moldes no país, pois trabalhará também a questão da transferência de tecnologia com a Itália”, completa o professor Edimir.
“O projeto não tem uma relação direta com a pesquisa feita com a Itália. O que conseguiremos é, através das análises, definir tipos de leite que sejam indicados à produção de queijo e promovam aumento de rendimento. Como o Santo Giorno possui alta qualidade, essa informação é fundamental para a indicação da matéria prima que será utilizada na sua produção”, conclui o pesquisador.
Parecer do ministério
As atenções do projeto também estão voltadas para outro setor de Brasília, mais especificamente o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A Agência de Desenvolvimento, que capitaneia as ações relacionadas ao Santo Giorno, aguarda resposta para consulta sobre o registro do queijo no Mapa. “Recebemos mensagem do ministério de que a consulta foi concluída nesta quinta-feira, dia 4. Contudo, ainda não tivemos acesso às considerações feitas. Temos a expectativa de que a resposta à nossa solicitação deverá sair em até 15 dias”, conta Célio Bonetti, diretor da Agência.
“Se o registro do queijo típico do sudoeste do Paraná for aprovado, a próxima etapa envolverá a elaboração dos controles, a disciplina de produção, o plano de negócios e entrar em produção e comercialização, de fato”, salienta Boneti.
O consultor do Sebrae/PR, Sabino Oltramari, lembra que trabalhos de análise sensorial do queijo foram realizados nos meses de agosto e outubro do ano passado e que a expectativa agora é do registro do Santo Giorno no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
“A intenção é colocar o Santo Giorno no mercado paranaense e da Região Sul. Até o ano de 2018 pretendemos ter o queijo típico, produto diferenciado e com denominação de origem geográfica, no mercado nacional”, projeta Sabino.
“Não só beijos e abraços”
O projeto hoje integrado pela UTFPR, Sebrae/PR, Agência e a entidade italiana Associação Bellunesi nel Mondo, teve como primeiro capítulo uma conversa entre as famílias Mezzomo de Coronel Vivida, sudoeste do Estado, e de Belluno, na Itália. O sexto encontro da família aconteceu em 2006, em Santa Giustina, província de Belluno. Foi o primeiro realizado fora do Brasil e, ao final, os dois principais patrocinadores, o engenheiro Antonio Mezzomo, empresário italiano do setor de construção civil, e Angelo Mezzomo (in memoriam), agricultor e criador no Paraná, desejaram que o encontro representasse o início de oportunidades de trocas comerciais, tecnológicas e empresariais entre os países. Assim nasceu o lema “no solo baci e abraci” (não somente beijos e abraços).
Na época, Pedro Mezzomo, irmão de Angelo, era prefeito do município de Coronel Vivida e deu início às primeiras ações que acabaram por gerar o projeto do Santo Giorno. “A Prefeitura de Coronel Vivida, o Sebrae/PR e o Senar financiaram as primeiras vindas de um italiano especialista em queijos, entre 2007 e 2009. Battista Attorni foi o responsável por dar os primeiros cursos aos produtores de leite da região”, recorda.
Pedro Mezzomo lembra ainda que os benefícios foram imediatos com a qualificação e que o objetivo poderia ser bem maior. “É uma grande satisfação ver que o projeto, que começou tão modesto, está atingindo resultados tão satisfatórios. Tudo só foi possível pelas parcerias fortes que foram firmadas, com a Agência de Desenvolvimento, o Sebrae/PR e a UTFPR”, reconhece.
Fonte: Antônio Menegatti - Assessoria de imprensa SEBRAE