Sudoeste avança no Ideb
quarta, 14 de setembro de 2016
14 municípios do Sudoeste atingem a meta do Ideb para 2015, e Bom Sucesso do Sul lidera ranking na região
Quatorze municípios do Sudoeste do Paraná alcançaram em 2015 as metas projetadas do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) para 2021. Em 2013, apenas oito municípios tinham conseguido o mesmo feito. Por outro lado, dois municípios da região não atingiram as metas para 2015 dos anos iniciais do ensino fundamental nas escolas públicas, etapa que vai do 1º ao 5º ano. A meta projetada de Ampere para 2015 era de 6,2, mas o resultado foi de 6,1; Eneas Marques que tinha como meta 6,5, pontuou 6,4. Os dois municípios já tinham atingido sua meta em 2013 e acabaram regredindo no índice na última avaliação (veja tabela abaixo). Todos os demais bateram a meta para o respectivo ano.
O Ideb é um indicador de qualidade dos ensinos fundamental e médio divulgado
a cada dois anos. O índice é calculado com base em dados sobre aprovação e
desempenho escolar obtidos por meio de avaliações do Ministério da Educação
(MEC). Desde a criação do indicador, em 2005, foram estabelecidas metas que
devem ser atingidas por escolas, prefeituras e governos estaduais.
As metas intermediárias são diferenciadas para cada ente federativo e escola,
porque cada um partiu de um ponto distinto em 2005. O objetivo é que o País
atinja o Ideb nos seis anos iniciais do ensino fundamental até 2021 e nos anos
finais até 2025.
Nos anos iniciais, a meta é cumprida nacionalmente desde 2007, quando começou a
ser estipulada. Para 2015, a meta do Brasil era de 5,2. A etapa alcançou 5,5.
Nos anos finais, a meta foi descumprida pela primeira vez em 2013. Em 2015, o
índice esperado de 4,7 também não foi alcançado. A etapa registrou um Ideb de
4,5.
O município que mais melhorou seu índice na região foi Bela Vista da Caroba.
Cresceu de 4,8 para 5,7 (18,75%). E o que mais caiu foi Bom Jesus do Sul, de
6,7 para 5,9 (-11,94%). A maior nota é de Bom Sucesso do Sul, que tem 7,2 e já
superou sua meta para 2021. Tanto Bela Vista como Bom Sucesso do Sul tem apenas
uma escola na rede municipal avaliada.
País
Dos cerca de 4,7 mil municípios com Ideb divulgado desde o início da série
histórica, 2,3 mil vêm batendo sistematicamente as metas. Considerando apenas o
Ideb de 2015, a porcentagem aumenta. Dos cerca de 5,3 mil com o índice
calculado, 4 mil, ou 75,8% bateram a meta para os anos iniciais. Nos anos
finais, considerando apenas o Ideb de 2015, a porcentagem também aumenta,
passando para 28,6%. Apesar da melhora, a porcentagem significa que, nos anos
finais, cerca de 70% dos municípios não conseguiram cumprir o estipulado para o
ano.
Anos finais
No ensino fundamental 2, que compreende do 6º ao 9º ano, o Brasil mais uma vez
não cumpriu a meta nacional que era de 4,7, ficando com Ideb de 4,5. No
Sudoeste do Paraná, os melhores desempenhos de 2013 para 2015 foram de Pinhal
de São Bento e Bela Vista da Caroba, que elevaram seus índices em 20%.
O cenário do Sudoeste é o mesmo do País, só dois municípios, dos 42,
conseguiram alcançar a meta para 2015: Bela Vista da Caroba e Realeza. Vários
municípios, inclusive, não superaram nem a meta de 2013. Para que o Ideb de uma
escola ou rede cresça, é preciso que o aluno aprenda, não repita o ano e
frequente as aulas.
Ideb reflete realidade parcial
O professor Carlos Antônio Bonamigo, doutor em Educação com formação em Pedagogia
e Filosofia, observa que ferramentas para avaliação do ensino no Brasil estão
previstos tanto na Constituição Federal (CF) como na Lei de Diretrizes e Bases
(LDB). Ou seja, são procedimentos legais e que precisam ser feitos para que
haja um parâmetro de avaliação ao longo do tempo. Contudo, não há acordo entre
professores, profissionais de educação e gestores sobre esse mecanismo.
Bonamigo salienta que, na avaliação da equipe técnica do MEC, não é levada em
consideração a avaliação interna de cada escola, que é feita pela equipe
pedagógica. Segundo ele, esse distanciamento pode criar uma avaliação
distorcida dos estabelecimentos de ensino. "O Ideb reflete apenas de forma
parcial o que acontece nas escolas." Ele destaca que o bom resultado dos
anos iniciais do ensino fundamental tem a ver com uma das metas do primeiro
Plano Nacional de Educação. De acordo com ele, de 2001 a 2010, das 20 metas do
plano de educação, apenas uma foi cumprida, justamente a de ter entre 95% e 97%
das crianças frenquentando os anos iniciais do ensino fundamental. "Sem
dúvida foi feito um progresso, porém, as metas dos anos finais não foram
cumpridas e isso demonstra um fracasso das políticas públicas",
observa.
Ele ressalta que no novo Plano Nacional da Educação, que tem mais uma vez 20
metas - apesar de se passarem apenas dois anos -, novamente alguns objetivos
estão ficando para trás. "Uma das principais era que todas as crianças de
4 a 17 anos, ou seja, da educação básica ao ensino médio, estivessem na escola.
As metas não foram e continuam não sendo cumpridas."