Queijos Sudoeste
quarta, 25 de setembro de 2019
Destaque
Entre os dias 18 e 22 de setembro foi realizado, em Florianópolis, o 5º Prêmio Queijo Brasil. Promovido pela Comerqueijo — associação sem fins lucrativos —, o evento é considerado como a maior premiação de queijos artesanais brasileiros e contou 718 queijos inscritos de todo o país, representando a micro e pequena produção artesanal de laticínios.
Do Paraná, segundo informações da coordenadora regional do projeto de agroindústria do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) Pato Branco, Márcia de Andrade, houve 24 inscrições, das quais 12 foram premiadas.
“No Sudoeste tivemos na região da Emater de Pato Branco duas premiações “Ouro”, que foram a Roseli Martinazzo (de Itapejara D’Oeste) e Angela Maria Kunz Marangon (de Saudade do Iguaçu); e duas premiações “Bronze”, que foi a Maristela Gaio, da região da Emater de Dois Vizinhos, e o Marildo Attilio Capra, da região de Francisco Beltrão”.
Ela conta que a Emater fez a divulgação do concurso na região, bem como prestou assessoria para as inscrições de alguns candidatos que não conseguiam se inscrever sozinhos. Ainda, fez a logística para levar os queijos a Florianópolis.
Para Márcia é de grande importância essas quatro conquistas para o Sudoeste. “Esses queijos premiados, sobretudo da região de Pato Branco, foram oriundos de leite cru, que hoje, infelizmente, a legislação não tem permitido. Ela só permite o queijo de leite pasteurizado”.
Ela lembra que “existem algumas legislações; o presidente assinou há alguns meses a Lei do Queijo, que já permite fazer o queijo de leite cru. O Estado do Paraná tem, desde 2018, uma lei também permitindo que seja feito e comercializado queijo de leite cru. Mas essas leis não foram implementadas, então o nosso queijo colonial da região na verdade é ilegal, porque é feito com leite cru”.
Márcia acrescenta que está sendo criada uma associação de queijeiros no Sudoeste — a qual inclusive realizará uma reunião nesta quinta-feira (26), em Chopinzinho — para buscar a legalização do queijo colonial.
“Temos tratado em todas as esferas política e técnica formas de conseguir regularizar o nosso queijo da região, para não deixar a cultura que temos aqui morrer. Porque, se não conseguirmos essa liberação, essa cultura logo vai terminar. Então foi uma conquista enorme. Já tivemos a Roseli Martinazzo, que no ano passado se classificou como Melhor Queijo do Paraná, em um concurso feito pela Emater. No mês passado teve o Concurso Internacional do Queijo, em Araxá (MG), que teve a Cleunice e o Claudemir Rosa, de Chopinzinho, que ficaram com o prêmio Prata. E agora tivemos mais essas premiações. Isso é muito importante, porque fortalece esse processo de legalização do nosso queijo, da nossa cultura da região”.
A coordenadora acrescenta que o Sudoeste é o maior produtor de queijo de leite cru no Estado do Paraná, pelo mapeamento que é feito pela Emater e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Vencedoras
O concurso foi dividido em quatro premiações: Super Ouro, Ouro, Prata e Bronze. Na Super Ouro, foram três queijos premiados; na Ouro, 61; na Prata, 84; e na Bronze, 135.
Conforme Roseli Martinazzo, de Itapejara D’Oeste, que conquistou o Ouro, a inscrição foi feita com um queijo preparado especialmente para o concurso, com 30 dias de maturação. “Mais um sonho realizado, mais uma conquista levando o nome do município a ser conhecido em todo o país, mostrando que os pequenos produtores também possuem um produto de qualidade”, declarou a produtora em relação ao prêmio, que consistiu em um certificado.
Roseli conta que este é o segundo prêmio que ela e a família conquistam. “O primeiro foi em 2018, o ‘1º Concurso de Queijo Artesanal do Paraná’, e agora na quinta edição do ‘Prêmio Queijo Brasil”, comemora.
Angela Maria Kunz Marangon, de Saudade do Iguaçu, por sua vez, diz que esse foi o primeiro prêmio que ela e a família recebem. “Inscrevemos o nosso queijo colonial de leite cru somente de um tipo, que não foi preparado especialmente para o concurso. O que mais nos deixa felizes e aliviados é que foi escolhido um queijo da geladeira, que poderia ter sido para qualquer cliente”, declara a produtora, completando que o queijo teve 21 dias de cura.
Ela explica que produz queijos há quatro anos e está na fase final de regulamentação de sua agroindústria. Assim como Márcia e Roseli destacam, “esse concurso é muito importante, pois mostra a força das agroindústrias do Paraná. Essa foi a primeira vez que o Paraná participou, e foi o quarto estado a mais enviar queijos, sendo que ficamos com grande número de medalhas: 4 Ouro, 7 Bronze e 2 Prata, sempre mostrando nossa força e luta para a legalização e comercialização do queijo artesanal”, finaliza Angela.