Cantata Posseiros
segunda, 14 de outubro de 2019
muitos aplausos para a Cantata da Revolta dos Posseiros
Na apresentação da manhã de ontem, havia aplausos no intervalo de cada música; à tarde, só no final. Circularam os comentários de que, para um espetáculo como este, o correto é aplaudir somente no final. Mas teve quem ponderou que, como o público predominante era de alunos, ficava até mais vibrante, além de permitir a manifestação deles, que era positiva. Na saída, todos diziam que gostaram.
Aplausos também das pessoas entrevistadas, tanto alunos como professores, o maestro e quem viveu os acontecimentos de 1957. Entre esses estavam a professora aposentada Terezinha Traiano Toscan (entrevistada no palco antes do musical da manhã), que viveu a Revolta como uma menina de 11 anos, e Olga Singer Soares (entrevistada à tarde, no palco), que era esposa de um posseiro, o agricultor Arthur Soares (1929-2019) e mãe de duas meninas ainda de colo. “Eu gostei, mas me deu um pouco de nervoso na hora que passou aqueles de chapeuzinho (projetados na tela), me fez lembrar, a gente nunca esquece”, disse dona Olga, hoje com 86 anos.
A professora Roseli Soares Tonello, filha de dona Olga, nasceu depois da Revolta, mas ela considerou o musical emocionante. “Realmente, a nossa história é essa, nós não podemos deixar morrer, e temos que agradecer a quem fez este espetáculo, por essas crianças que vão crescer conhecendo a nossa história”. Professora Roseli lembrou ainda que “as pessoas que viveram aquela história já estão passando, então precisamos mostrar àquelas que estão vindo, os novos habitantes de Francisco Beltrão, que essa cidade grande, linda, promissora, iniciou assim. Mesmo meus alunos de 8º e 9º ano diziam professora, essas cenas são de Francisco Beltrão? Essa casa era de Francisco Beltrão?”
Dona Lurdes Lago, que era filha de Júlio Lago, o dono do famoso “moinho preto”, se emocionou durante a apresentação e considerou a cantata “muito importante, um espetáculo maravilhoso, porque faz a gente lembrar de 57, eu era criança e tinha medo, isso aqui mexe com a nossa memória, é muito lindo”. Lurdes Lago parabenizou os promotores, citando o compositor Felipe Radicetti.
Felipe foi feliz na obra que escreveu
Para o mastro da Orquestra Filarmônica de Valinhos (SP), Yonan Daniel, o sucesso do espetáculo muito se deve ao compositor das músicas. “O Felipe (Radicetti) foi muito feliz na obra que ele escreveu, a construção foi muito bem feita. Nossa orquestra se identificou muito bem com a linguagem, porque na música cada pessoa tem uma linguagem e nós entendemos a linguagem que o Felipe pôs na obra dele”, disse o maestro.
Yonan também elogiou o trabalho da professora Dotsy Rebelatto com o Coral da Sonata Escola de Música. “Estavam preocupados porque não me conheciam, mas eles entenderam as minhas entradas, estavam super preparados e quanto mais vamos adquirindo confiança (orquestra e coral), mais relaxado e mais bonito a peça vai ficando.”
Após as duas apresentações de ontem durante o dia, o maestro previa para a noite um espetáculo “incrível, e sábado (hoje) ainda mais”. Ele concluiu que tanto os integrantes da orquestra como do coro “estão todos preparados, agora é só desfrutar o que a gente construiu”.
Participação das mulheres na Revolta é lembrada em um dos atos do recital.
Espetáculo ajuda estudantes a compreender melhor a história regional
As duas primeiras apresentações da Cantata da Revolta dos Posseiros, ontem, foram para estudantes de escolas municipais, em duas sessões – uma pela manhã e outra à tarde – e receberam elogios de professores não somente pela produção, mas por contribuir para que os alunos possam assimilar melhor aqueles conteúdos trabalhados em sala de aula. Cerca de 1.600 alunos assistiram ao espetáculo.
“Pra eles foi excelente porque esse conteúdo a gente trabalhou há pouco, tá tudo fresquinho, e a apresentação contribuiu para reforçar a compreensão que eles têm da Revolta”, afirma o professor Odolir dos Santos. Além do episódio em que os posseiros tomaram as ruas, a cantata ajuda a compreender o processo histórico, desde a Marcha para o Oeste até a relação dos posseiros com as companhias de terra, que culminou na revolta.
O estudante Mateus Migliorini, da Escola Germano Meyer, conseguiu identificar semelhanças entre a lição do professor e o espetáculo de música. “A gente vê melhor como eram as coisas no passado”, resumiu. Episódios como a morte de Pedrinho Barbeiro e a influência de Walter Pécoits no movimento dos posseiros são evidenciados no recital.
Para as professoras Angélica Werle e Jessica Lemons, da Escola Francisco Manoel da Silva, a cantata foi uma forma didática de colaborar com o conteúdo de sala de aula. “Acho que para os alunos alguns eventos como o chamamento da população pelo rádio ficaram bem evidentes com o espetáculo”, comentaram.
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