Para melhorar as rodovias do Sudoeste e seu desempenho não são necessárias grandes obras de engenharia, mas há muito por fazer em tereceiras faixas, trevos, acessos e na educação do trânsito. Estas são as principais conclusões do relatório final das pesquisas e do estudo de tráfego apresentado  quinta-feira, 22, à noite, na sede da Agência de Desenvolvimento do Sudoeste, em Francisco Beltrão.

A reunião, que teve participação principalmente de prefeitos e lideranças interessadas no setor rodoviário da região, foi considerada "de suma importância" porque agora há um documento para apresentar às autoridades e reivindicar. Conforme falou o presidente da Amsop, Clóvis Cucolotto (PR), se não houver condições de fazer tudo de uma só vez, com cinco ou dez quilômetros por ano pode-se chegar "às tão sonhadas rodovias que vão mudar o Sudoeste".

A situação somente se complicou porque nos últimos governos praticamente nada se fez na melhoria da infraestrutura das rodovias da região.

O diretor da Agência de Desenvolvimento, Célio Bonetti, destaca que esse foi o primeiro grande momento do projeto, já que o estudo dá parâmetros científicos e técnicos para melhorar os pontos críticos. "Acabou o achismo", completou.

 

Faixa contínua, a maior criminosa

Segundo apresentação feita pelo engenheiro civil Pedro Akishino, da RMF Engenharia e Planejamento, de Curitiba, o estudo mostrou que o maior índice de acidentes (52%) ocorre nas faixas contínuas, onde a ultrapassagem é proibida. Foram analisados 826 acidentes ocorridos nas rodovias do Sudoeste, entre 2008 e 2011.

O segundo maior causador de acidentes é o APS (acesso sem visibilidade adequada), com 9%.

A primeira conclusão, segundo Akishino, é que 61% dos acidentes podem ser evitados por ação dos motoristas. Mas ele pondera que há limites de paciência, pois em muitos trechos rodam-se quilômetros de estrada com faixa contínua - no trecho, por exemplo, entre Coronel Vivida e Vista Alegre (PR 562), 85% é de faixa contínua -, logo há culpa do Estado também, por não investir na redução desses trechos.

Um jeito de diminuir a faixa contínua é a construção da terceira pista. Este foi um dos itens mais votados pela população da região, 17%.

O coordenador do Movimento Pró-Modernização das Rodovias do Sudoete, o duovizinhense Valdir Luiz Pagnoncelli, destacou que uma das melhores obras de modernização de rodovias da região foi executada no último governo de Jaime Lerner (99/02), pelo então secretário dos Transportes Deni Schwartz entre Dois Vizinhos e São Jorge D`Oeste (PR 281). Curvas foram tiradas, a pista foi alargada com a construção da terceira pista, ficou do jeito que se almeja todas as rodovias da região. Porém, concluiu Pagnoncelli, é nesse trecho que mais acontecem acidentes, porque a estrada é boa e os motoristas abusam.

 

Motoristas não aceitam

Segundo Pedro Akishino, a educação dos motoristas é difícil porque todos se consideram capazes e habilitados. "Experiências feitas até nos Estados Unidos mostram que não adianta querer ensinar os motoristas a dirigir, eles acham que sabem tudo", disse Akishino. (IAP)

Lideranças destacam o "momento importante"

O "momento importante" da apresentação do relatório recebeu elogios de todas as autoridades que foram convidadas pelo chefe do cerimonial e diretor da Agência do Desenvolvimento do Sudoeste, Célio Bonetti, a se pronunciar. Pela ordem, falaram:

O coordenador Valdir Pagnoncelli: "Uma vez a Amsop discutiu somente o sinal da televisão, hoje está fazendo estudos de interesse regional e espero que venham outros estudos, como este, de interesse regional".

O prefeito anfitrião Wilmar Reichembach: "Agora vem o lado prático, (modernizar as estradas da região) é uma coisa prioritária e necessária".

O presidente da Agência, dr. Aryzone Mendes de Araújo ("estamos de parabéns, o Sudoeste está dando exemplo").

O deputado Nelson Luersen: "O que pudermos cobrar, como deputado, junto com os outros cinco eleitos pelo Sudoete, vamos cobrar, porque não adianta sonhar a curto prazo com ferrovias, dependemos das rodovias".

O presidente eleito da Amsop e prefeito de Salto do Lontra, Luiz Carlos Gotardi: "Fico feliz por ver a entrega deste estudo, parabéns à empresa que o executou, nós vamois manter a postura do Clóvis neste assunto, as parcerias serão mantidas".

E o presidente atual, Clóvis Cucolotto, prefeito de São João: "Isto aqui é um primeiro passo, temos uma longa trajetória pela frente, queremos contar com a imprensa que nos ajude a divulgar este material".

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