quinta, 12 de janeiro de 2012
Produtores esperam super safra de uva
Se para algumas culturas, como soja e milho, a falta de chuva está prejudicando, o mesmo não acontece com as parreiras de uva. Claro que uma chuvinha aqui ou acolá não faz mal para ninguém, mas os cachos são resistentes ao calor. Com o sol forte, a uva fica ainda mais adocicada. Neste ano, os produtores do Sudoeste estão aguardando uma super safra, superando a do ano passado em qualidade e quantidade.
Segundo o VBP (Valor Bruto de Produção), divulgado pelo Deral (Departamento de Economia Rural), o Sudoeste produziu na safra anterior 10.855 toneladas de uva. Somando os 42 municípios, são 974 hectares de parreiras, com uma movimentação financeira de R$ 1,3 milhão.
"A uva tem sido uma fonte de renda muito boa para os produtores. Ainda mais agora, que o milho e a soja estão sofrendo com a seca. A parreira acaba sendo uma outra alternativa de renda, equilibrando a propriedade", afirma Névio Mazzochin, engenheiro agrônomo da Secretaria de Agricultura de Francisco Beltrão que acompanha de perto os produtores de uva. A expectativa para este ano é superar os 11 mil quilos de uva no Sudoeste do Paraná.
Colheita em andamento
Luiz Poposki, produtor da comunidade de Santa Bárbara, em Francisco Beltrão, foi um dos primeiros da região a apostar na isabel precoce, uma daquelas uvas de mesa. Mas ele já colheu essa variedade em dezembro. Agora restou a uva bordô, boa para fazer o vinho. "Estou esperando uma colheita de mais de 30 mil quilos em minha propriedade. Tive alguns problemas na safra anterior, por isso a produção não vai ser maior", comenta.
No dia 1º de janeiro de 2011, parte da parreira de Luiz Poposki foi derrubada pelo vento. Havia também uma sobrecarga de cachos, o que contribuiu para a queda. "Agora a parreira está em recuperação. Se tudo correr bem, no ano que vem a produção passa das 40 toneladas", acrescenta.
Para Ilário Durini, produtor da linha Nova Seção, em Francisco Beltrão, essa será a sua melhor produção. Ele começou a trabalhar com uva há três anos e está satisfeito com o resultado. "Ano passado teve muita chuva, perdemos muitos cachos. Agora, com bastante sol, a produção está muito boa", diz. Ele, a esposa, Marilete, e mais 14 pessoas, vizinhos e parentes, começaram a colher os três mil pés ontem. "Ainda vai uns 15 dias para colher tudo."
Mariópolis otimista
Os produtores de Mariópolis estão otimistas também. O município pode aumentar a produção de 800 mil quilos para 1.200 toneladas. Segundo o presidente da Frutimar (Associação dos Fruticultores de Mariópolis), Ângelo Bresolin, a colheita deve se estender até março. "Agora que vamos começar a colher. Somos em 48 produtores na Frutimar e todos estão otimistas", comenta.
Ontem, a assessoria de imprensa de Mariópolis registrou a colheita de uva na propriedade de Cerilo Gagliotto. A esposa Orilda colheu alguns cachos de uva bordô para a produção de doces e sucos.
O município se prepara para a Festa da Uva, que acontece entre os dias 26 e 29 de janeiro. "Na festa, a gente deve comercializar em torno de 42 toneladas de uva e mais 12 mil litros de vinho doce. Estamos esperando um público superior a 45 mil pessoas", afirma Neri Fabbris, coordenador geral da festa.
Salgado Filho já colheu 85%
Salgado Filho é o município com a maior produção no Sudoeste do Paraná. Sempre disputa com Francisco Beltrão e Mariópolis o maior número de toneladas colhidas. Mas, neste ano, os produtores estão prevendo uma queda de produção de cerca de 25%. "Tivemos muitas chuvas na época da floração, o que dificultou bastante. Mesmo assim, teremos uma grande produção. Se perdemos em quantidade, vamos ganhar em qualidade. Registramos teor de sólidos solúveis totais igual ou superior a 15º Brix, o que é muito bom", diz Delclécio Maraschin, técnico da prefeitura e responsável pela assistência técnica aos produtores de uva de Salgado Filho.
Segundo ele, cerca de 75 produtores do município estão empenhados agora na produção de vinho. "Nós colhemos mais cedo do que em outros lugares. Aqui é muito quente. Aí a gente tem que fazer a poda mais cedo. O resultado é que a uva amadurece antes. Por isso, a maioria dos produtores já colheu em dezembro", explica. Ele diz que cerca de 85% da uva de Salgado Filho já foi colhida.
Produção de uva no Sudoeste do Paraná
Município Valor Área Quantidade
Salgado Filho R$ 1.770.00,00 130 ha 1.500 ton
Francisco Beltrão R$ 1.416.000,00 120 ha 1.200 ton
Mariópolis R$ 944.000,00 60 ha 800 ton
Ampere R$ 708.000,00 50 ha 600 ton
Dois Vizinhos R$ 590.000,00 50 ha 500 ton
Verê R$ 531.000,00 45 ha 450 ton
Eneas Marques R$ 424.800,00 35 ha 360 ton
Salto do Lontra R$ 424.800,00 32 ha 360 ton
Capanema R$ 424.800,00 30 ha 360 ton
Planalto R$ 413.000,00 38 ha 350 ton
Realeza R$ 413.000,00 35 ha 350 ton
Barracão R$ 377.600,00 30 ha 320 ton
Pérola DOeste R$ 354.000,00 27 ha 300 ton
Santo Antônio R$ 330.400,00 30 ha 280 ton
Marmeleiro R$ 330.400,00 25 ha 280 ton
Pranchita R$ 330.400,00 25 ha 280 ton
Flor da Serra R$ 283.200,00 20 ha 240 ton
Nova Prata R$ 241.900,00 23 ha 205 ton
Renascença R$ 236.000,00 20 ha 200 ton
Santa Izabel R$ 236.000,00 20 ha 200 ton
São Jorge DOeste R$ 212.400,00 18 ha 180 ton
Bom Jesus do Sul R$ 206.500,00 20 ha 175 ton
Pato Branco R$ 200.600,00 17 ha 170 ton
Manfrinópolis R$ 177.000,00 18 ha 150 ton
Chopinzinho R$ 153.400,00 26 ha 130 ton
Clevelândia R$ 118.000,00 20 ha 100 ton
Bela Vista da Caroba R$ 118.000,00 10 ha 100 ton
Pinhal de São Bento R$ 106.200,00 10 ha 90 ton
Boa Esperança R$ 94.400,00 8 ha 80 ton
Cruzeiro do Iguaçu R$ 94.400,00 8 ha 80 ton
Itapejara DOeste R$ 90.860,00 11 ha 77 ton
Nova Esperança R$ 70.800,00 6 ha 60 ton
Coronel Vivida R$ 61.360,00 7 ha 52 ton
São João R$ 57.820,00 7 ha 49 ton
Mangueirinha R$ 56.640,00 6 ha 48 ton
Vitorino R$ 47.200,00 4 ha 40 ton
Coronel D. Soares R$ 42.480,00 16 ha 36 ton
Bom Sucesso do Sul R$ 33.040,00 4 ha 28 ton
Sulina R$ 28.320,00 3 ha 24 ton
Honório Serpa R$ 25.370,00 3 ha 21 ton
Saudade do Iguaçu R$ 23.600,00 5 ha 20 ton
Palmas R$ 11.800,00 2 ha 10 ton
Sudoeste R$ 13.021.890,00 974 ha 10.855 ton
Obs: os números são referentes à safra de 2010/2011; a fonte
da informação é o VBP (Valor Bruto da Produção), do Deral (Departamento de Economia Rural).