Inaugurado o Ecomuseu Jorge Ba

sexta, 14 de agosto de 2020

Inaugurado o Ecomuseu Jorge Baleeiro de Lacerda

Hoje não choveu pela manhã e houve a solenidade de inauguração do Ecomuseu/Escola Ambiental Jorge Baleeiro de Lacerda, num evento bem prestigiado pela equipe da administração municipal, Câmara de Vereadores, projetistas e construtores da obra e imprensa local. A única ausência foi da professora Sueli Bevilaqua Baleeiro de Lacerda, porque estava com viagem programada e não pôde esperar.

A professora Sueli esteve no museu quarta-feira (dia que a inauguração não aconteceu devido à chuva), agradeceu ao prefeito Cleber Fontana pela homenagem e deixou por escrito seu pronunciamento, que foi apresentado hoje por seu vizinho e compadre João Francisco Sanczkoski (estará no Jornal de Beltrão impresso desta sexta-feira).

A apresentação do homenageado Jorge Baleeiro de Lacerda (1950-2016) foi feita pelo jornalista Ivo Pegoraro, como segue:



Quem foi Jorge Baleeiro de Lacerda

“Intelectual, ensaísta, viajante, biógrafo, jornalista, pesquisador, fotógrafo, seriam adjetivos falhos para qualificar Jorge Baleeiro de Lacerda. Isso porque não basta categorizar uma personalidade pelos meios, mas sim pelos fins, que motivaram seu sucesso aqui na Terra. Partindo dessa premissa, costumo dizer que Jorge foi um brasileiro. O maior, talvez, entre nós sudoestinos.”

Quem escreveu assim foi o advogado Mateus Ferreira Leite, para uma publicação especial no Jornal de Beltrão do dia 3 de março deste ano, quando Jorge Baleeiro de Lacerda estaria completando 70 anos.

Todos esses títulos e vários outros cabem ao Jorge, mas tem um que resume o que ele mais fazia: estudioso. Estudioso no melhor dos sentidos. Poucos estudaram como ele estudou.

As qualificações são muitas, os títulos de suas matérias e livros também, mas o tema, ou a finalidade de seus estudos, era um só: o Brasil e seu povo.

Todos sabem que, durante 41 anos, de 1975 a 2016, o Jorge residiu em Francisco Beltrão. Fora a atenção que dava à família, dedicava o melhor de si, todas as suas energias, a leituras, viagens, palestras e escritos sobre o Brasil.



Alguém viu ele na piscina do Colégio Mário de Andrade? Claro, era para manter a saúde e poder ler, viajar, pesquisar, palestrar, escrever e publicar sobre o Brasil e seu povo.

O Sudoeste levou sorte porque o Jorge nasceu em Belém do Pará, passou por várias outras cidades, mas em nenhuma viveu tanto como em Francisco Beltrão. E o Sudoeste recebeu uma atenção especial.

Grande parte do que o Jorge escreveu sobre nossa região está nos livros Os Dez Sudoestes I e II, o primeiro publicado em 2010 e o segundo em 2018, após sua morte. Jorge morreu em 2016, 20 de setembro, dia do gaúcho.

Natural do Norte do Brasil, alguém pode dizer que ele não tinha nada de gaúcho. Errado. Na família que ele constituiu tem a esposa, professora Sueli Beviláqua Baleeiro de Lacerda, que nos honra aqui com sua presença. Ela é gaúcha de Passo Fundo, onde sua família ainda reside e onde o Jorge foi sepultado.

Jorge Baleeiro de Lacerda conhecia o Rio Grande muito mais do que a maioria dos gaúchos. Porque ele estudou muito aquela terra de onde se originou muita gente que veio formar o Sudoeste do Paraná.

Cabe aqui um agradecimento também à professora Sueli. Como esposa, ela deu ao Jorge um casal de filhos que muito marcaram, e ainda marcam, a vida do Jorge. O Afonso hoje é médico psiquiatra em São Paulo e a Lígia é estilista de moda em Buenos Aires, capital da Argentina. A Lígia já lhes deu um neto, o Lorenço, que está chegando no seu terceiro aniversário.

Os textos do Jorge Baleeiro de Lacerda sempre agradaram pela qualidade. Além de serem escritos gramaticalmente corretos, têm um conteúdo especial, único. Os textos do Baleeiro não têm achismo, são reais. Ele não se limitava a opinar. Primeiro se informava pela leitura, depois ia conferir, captava mais informações e então escrevia e publicava. Era comum ele saber coisas da família ou da história local que o próprio entrevistado não sabia.

Jorge lia em várias línguas, buscava informações também com os melhores autores do mundo inteiro. Foi reconhecido por importantes figuras do cenário brasileiro, que se tornaram seus correspondentes e amigos. Tudo isso enriquecia seus textos que ficaram gravados em seus livros Os Dez Brasis e Os Dez Sudoestes, mais artigos que ele deixou e outros estudos e livros que virão dele, no decorrer do tempo.



Pena que a vida foi curta para o Jorge, apenas 66 anos. A empreitada que ele abraçou demandava muito mais tempo.

Em 2002, num artigo sobre “Os índios de Beltrão e arredores”, Jorge escreveu:

“Lembro-me que, pelos idos de 1978, numa de minhas viagens pela região, que ao longo destes anos passei a conhecer como poucos, visitei a aldeia de Palmas, onde vivem Caingangues. Tenho fotos da época. Não há registros, contudo, de aldeias no território de Beltrão, nem mesmo no mapa de 1922 feito por Francisco Gutierrez Beltrão e premiado pela Comissão do 1º Centenário da Independência do Brasil. Aparece apenas “sertão” onde hoje está Francisco Beltrão.

Vejam quanta coisa há para ser estudada! Precisava ter dez vidas e dispor de 60 horas por dia para dar conta de tudo que gostaria de estudar. Mas posso sugerir, despertar, buscar incutir nas pessoas o espírito de pesquisa.”

Sei que é difícil surgir outra pessoa que consiga se desligar de tudo para se dedicar a estudos do nosso país como fez o Jorge Baleeiro de Lacerda. Mas tudo o que fizermos em favor da pesquisa e da divulgação de nossa história, nossos costumes, nossa vida, enfim, atende o pedido do Jorge. E aqui, no Ecomuseu Jorge Baleeiro de Lacerda, está um exemplo.

Parabéns, prefeito Cleber Fontana e toda sua equipe, pela obra e por sua ideia de homenagear aqui o Jorge, pessoa que eu tive o privilégio de conhecer e fazer viagens de pesquisa. Do Jorge, além da amizade, recebi muito conhecimento. Obrigado.

Fonte: JB
 

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